O sobrenome ou apelido de família Carneiro faz parte da onomástica da língua portuguesa. Assume-se que existam mais de uma família Carneiro com origens distintas.
A família Carneiro é formada basicamente por Judeus da Espanha que viveram a era de ouro do Judaísmo durante a diáspora na península Ibérica. Segundo conta a tradição, a Espanha era abrigo para muitos judeus de vários lugares e foi o refúgio do judaísmo durante a diáspora. A Espanha era até tratada por muitos desses judeus, conhecidos como sefarad, como sendo sua própria casa e com um carinho especial, como sendo extensão de Jerusalém. Mesmo assim, com a intolerância da Igreja Cristã, os judeus sefaradim oriundos de vários lugares, foram expulsos da Espanha para Portugal, alguns ainda retornaram para o norte do Marrocos, outros permaneceram em Portugal e sofreram o processo inquisitório do “Santo Oficio”.
A
inquisição católica considerava crime a prática do judaísmo sendo punido
com a morte. Como para o Judaísmo, nada no homem, propriamente dito,
é mais importante do que a preservação da vida, muitos se
esconderam, sendo cristãos nominais e vivendo as escondidas um cripto-judaísmo.
Chamados então de Cristãos-novos os judeus não podiam nem falar de
suas origens. Mesmo sem status, tinham que provar o seu valor
entre os cristãos. E como os judeus sempre foram excelentes
navegadores e conhecedores de astros e pontos cardeais foram muito
utilizados nas navegações portuguesas. Os que poderiam se misturar com o
portugueses ficaram em Portugal.
Os que tinham mais dificuldade de se
misturar pela aparência física e pelo preconceito latente, foram enviados
para o Brasil. Desses, poucos se arriscavam a viver judaísmo. Os que
se arriscavam eram julgados e mortos. No nordeste durante muito tempo ainda
se respeitava o shabat, mas era muito difícil sem a ajuda fazer o devido
retorno. Para proteger os filhos muitos judeus não contavam as histórias
para as crianças, mas transmitiam as tradições sem dizer o porquê e depois
de algum tempo transmitiam alguns segredos aos filhos homens mais velhos.
Crianças sempre falavam e arriscavam a vida de toda uma família. A
tradição de permanecer entre famílias é vista até hoje no nordeste do Brasil
onde os Bezerra, os Seixas, os Lopes e os carneiros dão em casar preferencialmente
a essas famílias em algumas cidades de Pernambuco e Ceará. Os Sefarad (sarará)
escondem suas origens entre simplicidade e união entre as famílias.
Como os judeus tiveram seus bens confiscados pelo governo
Espanhol e Português, era difícil sair do Brasil. Uma pequena parte, que
conseguiu vender seus bens, fugiu para Nova Amsterdã (EUA). Mas a Grande
maioria dos sefaradim foram para os Sertões e agrestes do Brasil, remontando
assim o ambiente do Egito onde outrora, também éramos cativos. Algumas famílias
Sertanejas de Cidades Isoladas do Nordeste e Minas gerais ainda guardam a
tradição de casarem entre os primos e famílias amigas, uma arma para a proteção
dos Sefaradim. Alguns já estão retornando por que guardavam algumas informações
da tradição, outros só guardam os costumes. A verdade é que a Alma Judaica
sempre vai sentir falta do Eterno e do Judaísmo. E Muitos sofrem sem
saber sua herança. A história ainda está sendo Escrita. Como vai terminar? Não
sabemos. A única coisa que sabemos é que ninguém pode dar margens a um futuro,
se não conhecer seu passado.
ORIGENS
Há diferentes teorias para a origem dos primitivos
portadores do sobrenome Carneiro. Segundo uma delas, "os Carneiros se
dizem descendentes de Monsiur Joani Moutam, Ill.e Cav° natural da França,
q veio na Armada dos Gascoens em 980 tomar aos Mouros a Cidade do
Porto, e as terras entre Tamega, e Douro, pois como na lingua
Franceza a palavra Moutão quer dizer o m.mo q Carneiro Manso, se dirivava
delle o de == Carneiro. Dizem ser Sollar desta Famillia o lugar de Carneiro ao
pé da Serra deste nome duas legoas de Amarante de q foi Povoador Martim
Carneiro ; era Monsiur Joani Moutão descendente dos Duques de Moutão em
França (Veja-se o Marquez de Montebello ao Conde D. P° a Plana 309 a fl.
585)." (Felgueiras Gayo). O livro Armorial Lusitano cita
também D. Lourenço Anes Carnes, de cujo sobrenome se teria derivado o de
Carneiro, e a hipótese de que os primeiros Carneiro seriam de Espanha,
pois já no século XII existia lá o apelido. O primeiro portador foi Pedro
Carneiro, senhor das terras de Valdevez no tempo doConde D. Henrique,
de quem procedeu a família.