Um dos melhores livros que li sobre
família foi escrito por Sean Haldane e tem como título “Famílias doentes” (Sick
Families – Station Hill).
De modo claro Haldane mostra como a
família pode ser uma fonte de vida ou de morte, dependendo de como ela encara a
vida e como seus membros se relacionam.
Logo no primeiro capítulo é narrada a
história de Kate e Marlon (nomes fictícios). Kate é uma mulher frustrada em seu
casamento e por esse motivo cria problemas em todos os ambientes sociais que
faz parte – inclusive na igreja.
Marlon é um homem de meia idade que
se dedicou aos estudos e de repente descobriu que queria ter se casado e tido
filhos. Triste ele acaba se tornando invejoso e faz de tudo para entristecer
outras pessoas que estão felizes em família. Há várias ‘Kates’ e ‘Marlons’ na
sociedade. Pessoas frustradas, feridas, marcadas e judiadas por experiências
mal sucedidas em família.
Como não são realizadas como esposas,
maridos, pais, mães ou filhos acabam tendo grande dificuldade para se
relacionar com outras pessoas e literalmente não sabem como agir, lhes falta
senso de direção nos relacionamentos.
As famílias deveriam oferecer uma
direção segura a seus membros a ponto destes serem realizados e equilibrados
nas suas relações interpessoais. Como isso não acontece acabamos vendo um
número cada vez maior de pessoas perdidas nos relacionamentos, machucando e
sendo machucadas, morrendo e matando outras. Enfim, como bem escreveu Haldane,
famílias podem ser fonte de morte, tanto para seus membros como para a
sociedade em geral.
Qual é o verdadeiro papel da família?
Famílias devem gerar segurança a seus familiares. Devem ser ‘ninhos’ para
aconchegar e ‘fortalezas’ para proteger. Devem também ser ‘escolas’ para
ensinar e ‘hospitais’ para socorrer.
Infelizmente o que vemos é que uma
grande parte delas se transformou em verdadeiros ‘espinheiros’ para ferir,
‘zonas de guerra’ para matar, ‘bombas’ para explodir emocionalmente os
familiares e ‘cemitérios’ para sepultar sonhos e anseios. Por quê algumas
famílias agem dessa maneira? Ao contrário do que se imagina esse é um problema
antigo. Tanto que Miquéias 7:6 chega a declarar: “os inimigos do homem são os
da sua própria casa”.
Famílias desajustadas e cruéis sempre
existiram. Claro que sabemos que no final dos tempos isso se intensificaria,
como Jesus mesmo disse: “Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai, ao
filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores e os matarão”( Mc
13:12).
Sabemos, portanto, que no final dos
tempos as famílias serão piores, mais desajustadas e totalmente avessas à
Palavra de Deus. O que fazer diante disso? Investir espiritualmente em nossas
famílias e também avaliar nosso comportamento como crentes.
O apóstolo Paulo recomendou a seu
filho na fé Timóteo: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente
dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente” (1Tm 5:8).
Precisamos cada vez mais investir em
nossos familiares através da oração, da leitura da bíblia, da participação nos
cultos da Igreja, na orientação e aconselhamento cristão e principalmente
através do testemunho pessoal. Sobre esse último item vale a lembrança de 1
Pedro 3:1,2 quando diz: “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso
próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem
palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso
honesto comportamento cheio de temor.”
Temos aqui um princípio muito
importante da Palavra de Deus que é o exemplo ou o testemunho. Se por um lado
uma família desajustada pode influenciar negativamente pessoas, por outro lado
um familiar ajustado e temente a Deus, agindo com sabedoria, poderá influenciar
positivamente sua família.
Gary Collins várias vezes repetiu em
suas palestras que há muitos familiares que não se convertem, não se
reconciliam, não são freqüentes à igreja e não se importam com as coisas de Deus
porque o exemplo que eles tem de cristianismo é muito negativo. E qual é esse
exemplo? É o exemplo de uma esposa, marido, filho ou pai.
Famílias foram criadas para que se
tornassem transmissoras das bênçãos divinas. Isso é mostrado logo em Gênesis 12:3b
quando diz: “em ti serão benditas todas as famílias da terra.” As bênçãos
divinas deveriam ser reconhecidas, aprendidas, exercitadas e transmitidas pela
família. Nossos filhos deveriam se converter a Cristo no culto doméstico
ouvindo o testemunho dos pais.
Marido e esposa deveriam se
reconciliar quando em oração compartilhassem seus problemas com Deus. Pais e
filhos deveriam tomar as decisões familiares depois de muita oração, leitura da
bíblia e direção do Espírito Santo. Pena que o ‘deveria’ é na maioria dos casos
uma possibilidade que não se consuma.
E por esse motivo continuaremos a
encontrar pessoas amargas, tristonhas, violentas, frustradas, cruéis e que se
revoltarão simplesmente em ver alguém feliz e realizado em família. Nossa única
chance de mudança é transformar nossas famílias em fontes de vida,
manifestações reais da presença de Jesus Cristo que é vida (Jo 10:10) e dá vida
(Jo 20:31).
Que como famílias indiquemos a
direção correta para a salvação e também para os relacionamentos que é o
próprio Cristo que se revela de maneira clara na sua palavra. Sejam nossas
famílias fontes de vida e não de morte.
Sejamos nós um vaso de bênçãos nas
mãos de Deus tanto para nossa família como para outras famílias. E que aquilo
que não recebemos de nossos familiares seja suprido pela graça divina, capaz de
transformar morte em vida através de Jesus Cristo.
Pr. Guilherme de Amorim Ávilla
Gimenez é pastor da 1ª Igreja Batista de Goiânia.
Retirado do Post do Facebook Lutando por Famílias