terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Família

Um dos melhores livros que li sobre família foi escrito por Sean Haldane e tem como título “Famílias doentes” (Sick Families – Station Hill).

De modo claro Haldane mostra como a família pode ser uma fonte de vida ou de morte, dependendo de como ela encara a vida e como seus membros se relacionam.

Logo no primeiro capítulo é narrada a história de Kate e Marlon (nomes fictícios). Kate é uma mulher frustrada em seu casamento e por esse motivo cria problemas em todos os ambientes sociais que faz parte – inclusive na igreja.

Marlon é um homem de meia idade que se dedicou aos estudos e de repente descobriu que queria ter se casado e tido filhos. Triste ele acaba se tornando invejoso e faz de tudo para entristecer outras pessoas que estão felizes em família. Há várias ‘Kates’ e ‘Marlons’ na sociedade. Pessoas frustradas, feridas, marcadas e judiadas por experiências mal sucedidas em família.

Como não são realizadas como esposas, maridos, pais, mães ou filhos acabam tendo grande dificuldade para se relacionar com outras pessoas e literalmente não sabem como agir, lhes falta senso de direção nos relacionamentos.

As famílias deveriam oferecer uma direção segura a seus membros a ponto destes serem realizados e equilibrados nas suas relações interpessoais. Como isso não acontece acabamos vendo um número cada vez maior de pessoas perdidas nos relacionamentos, machucando e sendo machucadas, morrendo e matando outras. Enfim, como bem escreveu Haldane, famílias podem ser fonte de morte, tanto para seus membros como para a sociedade em geral.

Qual é o verdadeiro papel da família? Famílias devem gerar segurança a seus familiares. Devem ser ‘ninhos’ para aconchegar e ‘fortalezas’ para proteger. Devem também ser ‘escolas’ para ensinar e ‘hospitais’ para socorrer.

Infelizmente o que vemos é que uma grande parte delas se transformou em verdadeiros ‘espinheiros’ para ferir, ‘zonas de guerra’ para matar, ‘bombas’ para explodir emocionalmente os familiares e ‘cemitérios’ para sepultar sonhos e anseios. Por quê algumas famílias agem dessa maneira? Ao contrário do que se imagina esse é um problema antigo. Tanto que Miquéias 7:6 chega a declarar: “os inimigos do homem são os da sua própria casa”.

Famílias desajustadas e cruéis sempre existiram. Claro que sabemos que no final dos tempos isso se intensificaria, como Jesus mesmo disse: “Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai, ao filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores e os matarão”( Mc 13:12).

Sabemos, portanto, que no final dos tempos as famílias serão piores, mais desajustadas e totalmente avessas à Palavra de Deus. O que fazer diante disso? Investir espiritualmente em nossas famílias e também avaliar nosso comportamento como crentes.

O apóstolo Paulo recomendou a seu filho na fé Timóteo: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente” (1Tm 5:8).

Precisamos cada vez mais investir em nossos familiares através da oração, da leitura da bíblia, da participação nos cultos da Igreja, na orientação e aconselhamento cristão e principalmente através do testemunho pessoal. Sobre esse último item vale a lembrança de 1 Pedro 3:1,2 quando diz: “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor.”

Temos aqui um princípio muito importante da Palavra de Deus que é o exemplo ou o testemunho. Se por um lado uma família desajustada pode influenciar negativamente pessoas, por outro lado um familiar ajustado e temente a Deus, agindo com sabedoria, poderá influenciar positivamente sua família.

Gary Collins várias vezes repetiu em suas palestras que há muitos familiares que não se convertem, não se reconciliam, não são freqüentes à igreja e não se importam com as coisas de Deus porque o exemplo que eles tem de cristianismo é muito negativo. E qual é esse exemplo? É o exemplo de uma esposa, marido, filho ou pai.

Famílias foram criadas para que se tornassem transmissoras das bênçãos divinas. Isso é mostrado logo em Gênesis 12:3b quando diz: “em ti serão benditas todas as famílias da terra.” As bênçãos divinas deveriam ser reconhecidas, aprendidas, exercitadas e transmitidas pela família. Nossos filhos deveriam se converter a Cristo no culto doméstico ouvindo o testemunho dos pais.

Marido e esposa deveriam se reconciliar quando em oração compartilhassem seus problemas com Deus. Pais e filhos deveriam tomar as decisões familiares depois de muita oração, leitura da bíblia e direção do Espírito Santo. Pena que o ‘deveria’ é na maioria dos casos uma possibilidade que não se consuma.

E por esse motivo continuaremos a encontrar pessoas amargas, tristonhas, violentas, frustradas, cruéis e que se revoltarão simplesmente em ver alguém feliz e realizado em família. Nossa única chance de mudança é transformar nossas famílias em fontes de vida, manifestações reais da presença de Jesus Cristo que é vida (Jo 10:10) e dá vida (Jo 20:31).

Que como famílias indiquemos a direção correta para a salvação e também para os relacionamentos que é o próprio Cristo que se revela de maneira clara na sua palavra. Sejam nossas famílias fontes de vida e não de morte.

Sejamos nós um vaso de bênçãos nas mãos de Deus tanto para nossa família como para outras famílias. E que aquilo que não recebemos de nossos familiares seja suprido pela graça divina, capaz de transformar morte em vida através de Jesus Cristo.

Pr. Guilherme de Amorim Ávilla Gimenez é pastor da 1ª Igreja Batista de Goiânia.
Retirado do Post do Facebook Lutando por Famílias

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